HISTÓRIA

VISITANTES

ILUSTRES

Devido a sua posição geográfica, e principalmente à sua importância nos cenários cultural, político e econômico da Bahia, Feira de Santana recebeu muitos visitantes ilustres ao longo de sua história. Políticos, governantes, artistas, intelectuais e pesquisadores aqui estiveram com as mais diversas finalidades, mas sempre buscando no seu povo o apoio para a consecução de seus objetivos, ou a ressonância para suas mensagens. Ou simplesmente para conhecer a cidade, e enriquecer o seu repertório intelectual com as contribuições culturais oferecidas pela Princesa do Sertão.

Os primeiros visitantes ilustres de Feira de Santana de que se tem notícia foram os naturalistas alemães Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philip von Martius, que estiveram no então vilarejo de Sant ́Anna dos Olhos D'água em 1819. Ambos registraram essa visita no seu famoso livro Viagem pelo Brasil, dando, aliás, um depoimento nada elogioso sobre “o mísero povoado”. Mas eles estiveram aqui num período de seca severa, e num dia em que não estava sendo realizada a já concorrida feira local.

Depois deles, Feira de Santana recebeu a visita do próprio Imperador do Brasil, Dom Pedro II, e sua esposa, a Imperatriz Thereza Christina Maria, no ano de 1859, por ocasião de sua viagem às províncias do Nordeste. O casal real participou de missa na Igreja Matriz, visitou a Capela dos Remédios, circulou pelas ruas, conheceu a feira de gado, e fez uma doação em dinheiro para a criação do Imperial Asilo dos Enfermos D. Pedro II, que viria a constituir-se na Santa Casa de Misericórdia, mantenedora do Hospital Dom Pedro de Alcântara. A visita está registrada no livro Diário da viagem ao Norte do Brasil, escrito pelo Imperador. Uma fotografia que faz parte da Coleção de Thereza Christina Maria, pertencente à Biblioteca Nacional, mostrando a feira-livre da cidade, embora não ofereça dados precisos, pode ter sido tirada nesta ocasião, e deve ser a primeira foto de Feira de Santana.

Em 1878, o engenheiro alemão Julius Naeher passou dois dias em Feira de Santana, com sua esposa Eugenie. A cidade tinha, então, 1.116 edificações. A visita é relatada no capítulo Uma viagem a cavalo a Feira de Santana, que faz parte do livro Uma viagem à Bahia da segunda metade do século XIX, de Osvaldo Augusto Teixeira (Fundação Pedro Calmon, 2011). Na ocasião, Naeher pintou uma aquarela retratando o comércio de cavalos na cidade, onde aparece ao fundo, provavelmente, a Serra de São José das Itapororocas.

No início do século XX, o viajante austríaco Ernst Von Hesse-Wartegg também esteve em Feira de Santana. No seu livro Entre os Andes e o Amazonas: Viagens pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, publicado em 1915, ele descreve com detalhes a feira-livre, a feira de gado e seus tipos humanos, especialmente o vaqueiro.

Em 1919, Feira de Santana recebeu a visita de Ruy Barbosa. O consagrado jurista esteve na cidade durante sua quarta (e novamente malograda) candidatura a presidente da República. Foi quando proferiu sua famosa conferência no Teatro Santana, em que batizou a cidade de “Princesa do Sertão”, apelido carinhoso e engrandecedor que foi transformado no seu epíteto.

Em 1933, a Princesa do Sertão recebeu a visita de Getúlio Vargas, então chefe do Governo Provisório implantado pela Revolução de 1930. A visita fez parte da viagem de Getúlio pelo Nordeste, para ver de perto os efeitos da seca do ano anterior, e também para costurar apoios políticos, visando sua efetivação como presidente da República na Constituinte de 1934. Em 1937, o visitante ilustre foi o escritor e político José Américo de Almeida, autor do clássico A Bagaceira, em campanha política para presidente da República, na eleição marcada para o ano seguinte mas que foi abortada pelo golpe do Estado Novo. Getúlio Vargas voltou a visitar Feira de Santana no ano de 1950, desta vez como candidato a presidente da República, na eleição que lhe garantiria o retorno democrático ao poder, do qual havia sido destituído em 1945, na queda do Estado Novo.

Outra visita importante foi a do brasilianista norte-americano Rollie Edward Poppino, que esteve na cidade entre os anos de 1951 e 1953, fazendo pesquisas para o seu livro Feira de Santana. Publicado em 1968, o livro conta a história de Feira desde suas origens até o ano de 1950, sendo considerado um marco na historiografia da cidade, até hoje servindo de fonte para historiadores e pesquisadores.

Em 1953, Feira de Santana recebeu a visita do então ministro do Trabalho, João Goulart, que viria a ser presidente da República em 1961, sendo deposto em 1964 pelo Golpe Militar. Goulart veio anunciar o aumento do salário-mínimo e a criação, na cidade, de uma Junta de Conciliação e Julgamento. Outro presidente da República que esteve em Feira de Santana foi Juscelino Kubitschek, em 1957, para inaugurar o sistema de abastecimento de água da cidade, implantado pelo prefeito Almachio Boaventura com a ajuda de recursos federais. Também em 1957 esteve na cidade o jornalista e deputado federal Carlos Lacerda, em sua campanha nacional contra o governo do mesmo JK. Ainda no meado da década de 1950, o escritor Érico Veríssimo veio a Feira de Santana, a convite do jornalista João Falcão. Ciceroneado na cidade pelo intelectual Dival Pitombo, Érico fez uma palestra no Colégio Santanópolis. A palestra foi à luz de velas, porque faltou energia elétrica na cidade naquela noite.

Em 1960, quem esteve em Feira de Santana foi Luís Carlos Prestes. O líder comunista veio a convite do diretório local do Partido Trabalhista, reuniu-se com líderes sindicais, foi recepcionado na Câmara de Vereadores e discursou em palanque armado na Praça João Pedreira. Também visitaram Feira de Santana os filósofos existencialistas Jean Paul Sartre e Simone do Beauvoir, em 1962, para conhecer a feira-livre e a feira do gado, ciceroneados por Jorge Amado. Em 1967, a cidade recebeu a visita do jornalista Assis Chateaubriand e do pintor Di Cavalcanti, que vieram prestigiar a inauguração do Museu Regional de Feira de Santana. Chateaubriand foi um dos responsáveis pela criação do museu, tendo doado vários quadros de pintores modernistas do Brasil e da Inglaterra. Ainda em 1967, o visitante ilustre foi o presidente Humberto Castelo Branco, que veio conhecer as instalações da Incoveg, indústria de óleos vegetais genuinamente feirense instalada no Núcleo Piloto do Centro Industrial do Subaé. Em 1976 foi a vez do presidente Ernesto Geisel, que esteve na cidade para inaugurar a fábrica de pneus Pirelli e anunciar a implantação da rede de esgotos sanitários.